Produção de soja fica 27,4% menor no RS em ano de estiagem
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Produção de soja fica 27,4% menor no RS em ano de estiagem

  • Foto do escritor: Saimon Ferreira
    Saimon Ferreira
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

Produção da safra 2024/2025 totalizou 13,2 milhões de toneladas, segundo a Emater, sendo a oitava em ranking de colheitas da oleaginosa no Estado

Foto: Jean Filippe / Arquivo Pessoal
Foto: Jean Filippe / Arquivo Pessoal

Os 45 dias sem chuva foram impiedosos na produção de Jean Filippe, do município de Camargo, no Norte. Dos 35 hectares semeados com soja nesta temporada, a produtividade variou "de pouco para quase nada", resultando em uma das piores colheitas já anotadas pelo agricultor — de 21 sacas por hectare.


— Nas outras secas não foi tão ruim. Este foi o pior ano de todos, muito semelhante a 2005. Mais uns dias sem chuva e não precisava nem ar a colheitadeira, porque não teria nada para colher — relata o agricultor.

O cenário de quebra em razão de mais uma estiagem abateu o Rio Grande do Sul de forma discrepante, mas não sem efeitos que, no médio e no longo prazo, tendem a ser generalizados na economia gaúcha, em que a agropecuária têm parcela significativa.


Números finais da safra divulgados pela Emater mostraram que a produção de soja, principal produto agrícola do verão, totalizou 13,2 milhões de toneladas no Estado este ano, uma queda de 27,4% em relação à colheita da safra anterior (18,2 milhões) e de 38,8% em relação ao que se pretendia colher nesta temporada (21,6 milhões). A colheita está tecnicamente encerrada nas regiões produtoras.


Já em produtividade, que é o quanto se produz por hectare, a média estadual foi reavaliada para 1.957 kg/ha pela Emater, representando uma redução de 38,4% em relação aos 3.179 kg/ha projetados antes do início do plantio.

No ranking de produções, a colheita 2024/2025 é a oitava em volume no Estado.


Maiores safras de soja no RS:


  • 2021: 20.420.501 toneladas

  • 2017: 18.744.186 toneladas

  • 2019: 18.498.119 toneladas

  • 2024: 18.258.064 toneladas

  • 2018: 17.538.725 toneladas

  • 2016: 16.209.892 toneladas

  • 2015: 15.700.264 toneladas

  • 2025: 13.252.277 toneladas

  • 2014: 13.041.720 toneladas

  • 2023: 12.970.362 toneladas

  • 2020: 11.307.760 toneladas

  • 2022: 9.341.148 toneladas


Outros grãos


A escassez hídrica atingiu também os outros cultivos que compõem a safra de grãos do verão, ainda que em menor proporção de perdas do que a soja.


No milho, a redução foi de 9% em relação ao que se pretendia colher neste ciclo. Contudo, apesar da diminuição da área plantada e dos impactos da estiagem em algumas áreas, a produção total no Estado deve finalizar em 4,8 milhões de toneladas, um acréscimo de 7,5% em relação ao colhido na safra anterior (4,5 milhões de toneladas).


No arroz, também com colheita praticamente encerrada, a produção do cereal somou 8,3 milhões de toneladas, crescimento de 15,3% sobre o ano ado, quando foram 7,2 milhões de toneladas produzidas. A produtividade também foi revisada para cima, de 8.478 kg/ha para 8.558 kg/ha.


Nessas culturas, o período em que se deu a falta mais crítica de chuva foi determinante para o comprometimento ou não do desenvolvimento das plantas, lembra o diretor técnico da Emater. No milho, o desempenho das áreas irrigadas tive importante participação no resultado geral da colheita.


— Principalmente na parte Norte, as primeiras lavouras tiveram desenvoltura excepcional, muito boa, o que demonstra o avanço do sistema irrigado no milho. E o efeito do tempo que foi bom nessas regiões, com produtividades muito boas — observa Baldissera.

Efeito extracampo deve atingir o PIB


Diante de uma expectativa que não se cumpriu, o aguardo agora é pelo efeito da colheita menor na economia gaúcha. O desempenho da agropecuária, sobretudo da colheita de verão, é um balizador da atividade econômica no Rio Grande do Sul, com reflexos nas mais diversas atividades, dos serviços à indústria.


Em 2024, mesmo com a enchente, o PIB do Estado foi considerado bom diante das perdas. A economia cresceu 4,9% na comparação com o ano anterior. Em 2025, no entanto, a estiagem deve frear este crescimento, conforme os analistas.


Economista chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz menciona o impacto da falta de chuva no setor, muito pior que o excesso dela:


— Os efeitos da enchente são mais visuais e chocantes, pela invasão na casa das pessoas. No entanto, do ponto de vista econômico, estiagens são muito mais danosas.

As perspectivas para os próximos meses são de perdas que se prolongam.


— O PIB do RS acumula um atraso de 12% em relação ao Brasil, e esse hiato surgiu a partir da estiagem de 2022 e se agravou até 2024. Com as perdas de 2025, que tudo indica serão as piores do ciclo, essa distância será ainda maior. Ter uma perda é muito duro, mas ter perdas sobre perdas coloca milhares de produtores sob risco de continuidade — comenta o economista da Farsul.

A dificuldade climática tem encarecido ainda mais a produção, que já lida com custos fixos altos e ainda enfrenta o endividamento em boa parte das propriedades.


— Tento aqui na propriedade manter tudo na ponta da caneta. Então, a gente consegue ir levando. Só que vai sobrando pouco da reserva que vínhamos guardando, pela questão de clima e do custo. Este ano, por exemplo, com 50 sacas eu só empato — diz Beber, produtor em Condor.

Fonte: GZH

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